Certa noite acordei as 3:45 com o som das ondas em minha cabeça, não eram elas, apenas uma infecção de ouvido que há algum tempo me importunava, seja como for aquilo me fez pensar sobre o dia em que conheci o mar.
Não entendia o porque estava ali, mas sempre me disseram que seria lindo, não era tão incrível no fim das contas, haviam latas vazias por todo lado, o sal fazia as gretas do corpo arderem e uma garrafa de água custava 5 pratas. Mas foi ali sentado na areia, bebendo pra superar a frustração que conheci ele, Escafandro Jones, pode imaginar isso? Que tipo de mãe imbecil colocaria tal nome em um filho? O que caralhos é um escafandro? Talvez nem fosse esse seu nome, mas a minha embriaguez não me dava força suficiente pra contestar. Já era noite, sentou ali do meu lado na areia fria, acendeu um cigarro.
- Sabe garoto, existem mais de 7 bilhões de pessoas no planeta, ricas, pobres, comendo putas, passando fome, lindas, horrorosas, pagando suas contas, ou simplesmente ocupando espaço, em algum tempo todas estarão mortas, não vai sobrar nenhuma mesmo que para se lamentar das escolhas infelizes da nossa raça, mas o mar ainda vai estar aqui, as ondas vão lavar as nossas pegadas e todo o lixo que julgamos importante, toda arte, cultura e toda essa bosta que gente moderna curte enfiar no rabo, a única coisa que vai restar será o barulho da água quebrando nos destroços de quem nós fomos.
- Olha senhor Jones, Escafandro é o pior nome que já ouvi, amaldiçoada seja sua mãe.
Rimos de leve, roubei um cigarro e acabamos de esvaziar aquela vodka barata, contei a ele sobre uma garota que havia conhecido que conseguia abrir qualquer garrafa sem as mãos, só com a força das coxas e de como ela era capaz de acabar com aquela baboseira existencial dele em apenas uma rebolada.
Rimos de leve, roubei um cigarro e acabamos de esvaziar aquela vodka barata, contei a ele sobre uma garota que havia conhecido que conseguia abrir qualquer garrafa sem as mãos, só com a força das coxas e de como ela era capaz de acabar com aquela baboseira existencial dele em apenas uma rebolada.
Mas hoje acordado nessa noite nostálgica aquilo me serve de consolo, os sonhos não são um sintoma a ser superado, quer dizer, no fim das contas são tudo que nos resta, e depois de um dia de merda são eles que nós dão a garra pra não nos atirar do décimo andar, tudo vai acabar, cedo ou tarde, pra mim ou pra você em tempos diferentes mas vai, então sinceramente não há lógica em não aproveitar a vida e fazer o que se quer as vezes, afinal o fracasso e a culpa podem ser uma merda mas não importa, porque em algum tempo, tudo será mar.
Mas por Deus, que porra de nome é Escafandro?
Mas por Deus, que porra de nome é Escafandro?

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