Não há só uma viva alma que não
tenha sofrido de uma forma ou outra por amor, então porque insistimos nisso? Eu
pensava comigo mesmo enquanto rasgava nossas fotos. Aquelas noites eu juro,
foram as mais longas da minha vida, eu agradecia ao universo pela minha
insônia, pela primeira vez, se eu dormisse afinal sabia que sonharia com a
causa dos meus prantos, até mesmo se fechasse os olhos, por mais tempo que uma
leve piscada, seu rosto estaria ali me assombrando, mostrando-me que falhei,
mais uma vez.
Depois de um tempo, dormi, e como
naquela música acordei mais cansado que sozinho, mensagens lotavam meu celular,
não respondi, não me importa, o dia estava nublado, as pessoas estavam
entediantes, tudo parecia ter voltado para o lugar, é claro, ainda sentia que
faltava um pedaço meu, então eu preenchia com garrafas e mais garrafas de vinho
barato, até meu estômago se rebelar, até o mundo girar a minha volta, e eu
finalmente poder vomitar aquela mágoa, no chão do banheiro, enquanto a água
gelada do chuveiro caía sobre meu corpo, não é uma cena glamorosa como nos
filmes, nem pretendo romantizar, o fato é que naquele pequeno momento, em que
meu ego se diluía, em que eu perdia o controle do meu corpo e mente, meu mundo
se tornava apenas um espiral de embriaguez, eu podia finalmente ter ao menos
alguns segundos em paz, sem sentir que ela levou minhas entranhas, e que sou só
um manequim oco, sem motivo para viver.
Sempre me disseram que tenho alma
de poeta, mas não, não existe tal coisa, as palavras estão soltas, todos podem
pegar sua parte, mas acontece que pra alguém com a alma despedaçada elas
funcionam como uma cola, você escreve o que sente, em cada pedacinho do seu
ser, e as partes parecem menos desconexas, é possível racionalizar o que
aconteceu, e apesar é claro das inúmeras cicatrizes abjetas, você consegue mais
uma vez, unir-se, e encontrar a si mesmo, sem precisar de alguém que o complete,
não precisa fingir mais, não precisa ser durão, as pessoas ainda sentem, o
romance não está morto, a alma nunca deixa de regenerar-se, trauma após trauma,
mas a dor precisa ser sentida, então beba, fume, berre loucamente, corra até
seus pés sangrarem, reze, chore, faça qualquer coisa, mas siga em frente, suas
feridas não te definem você é que define a importância que elas tem, você não
é a sua dor.
Eu sempre leio esse texto pra me sentir bem, saudades j.
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