Nós
saímos pra tomar umas cervejas aquela noite, era bom rever um velho amigo,
depois de tanto tempo ainda conseguíamos fazer as piadas de sempre, ouvimos a
banda de sempre, comemos a pizza de sempre, e o engraçado é que embora muita
coisa tivesse mudado a situação ainda era a mesma de antigamente, um de nós
fodido, e o outro tentando ajudar, nunca acabava bem pra nenhum dos lados, mas
era bom falar com alguém que não fosse só oferecer soluções obvias e genéricas
pra variar.
- Tínhamos só 15 a ultima vez que viemos
aqui lembra? - Disse eu.
- É, muita coisa aconteceu, mas quem
fode minha cabeça não mudou.
- Cara, você tem um
problema sério com boceta.
Aquele riso azedo de quem
simplesmente desistiu de achar uma solução pro problema preencheu o ambiente,
decidimos que era melhor manter o foco em lembrar da época da escola, afinal
depois que toda a merda acaba, o que contamos a nós mesmos nas lembranças é
sempre mais doce do que realmente foi, não era uma melhora definitiva, mas pra
espantar os fantasmas daquela noite essa distração bastava.
Na mesa ao lado um grupo de
garotas tagarelava sem cessar, sobre quem tinha o pior namorado, era tanta
reclamação que pareciam competir pelo titulo de detentora do relacionamento
mais miserável do ano. Falavam sobre tudo, de ciúme a hábitos ruins de higiene,
por deus, elas pareciam descrever um Neandertal, mas que surpresa, nenhuma
delas reclamou do sexo, muito pelo contrario, quase em uníssono ressaltavam que
isso era bom demais. Nós ouvíamos a conversa, com um misto de pena e chacota.
Aparentemente a maioria das
relações se baseava nisso, e as que não fossem desse tipo eram uma consequência
delas.
VIVA A PIROCA - Exclamei.
VIVA A BOCETA - Disse ele.
Brindamos.
Saímos dali acompanhados do
olhar de ódio das garotas, com passos tortos e embriagados.
Genial meu amigo. Palavras sejam ditas sem pestanejar. Agradeço por ter a oportunidade de ler um texto tão satisfatório ao meu próprio ver das relações.
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