Nada preenche melhor um ambiente que o
barulho estridente de um boteco, e foi assim que tudo começou, entre tragos e
copos, eu era louco por pernas, e ela tinha um par de belos exemplares, além
daqueles olhos de cachorro abandonado, que me perseguiam, nunca tive nada de
atraente, não que isso seja ruim, na verdade é até bom, ajuda a manter as
expectativas baixas, em seguida tudo que eu falar parecerá compensar a
aparência, desde que não seja um amontoado de asneiras. Resolvi arriscar,
cheguei perto e disse pra que saíssemos dali, ela relutou.
-
Escuta meu bem, esse não é um lugar ideal pra se passar a noite, é só um meio
de ser convidada pra algo melhor, você sabe disso, e no final das contas se eu
for tão ruim assim, você só terá perdido uma noite.
Ela
concordou e saímos, os olhares nos perseguiam, pasmos por um cara como eu ter
tido sucesso em algo, andamos pela cidade, a pé, tudo que eu tinha afinal era
uma garrafa de vinho, que agora se encontrava com os lábios dela, era uma linda
cena, não era a boca mais sensual do mundo, mas ainda assim me prendia. Falamos
sobre a vida e as pessoas, e a noite seguia rápida, o vinho acabou e nos
sentamos na calçada pra olhar o céu, eu a envolvi em meus braços e pouco tempo
depois nossas línguas dançavam juntas, por todo o resto da noite.
Antes
de partir ela perguntou meu nome.
- Não
importa meu bem, a vida tem sido um grande balde de merda, só fico feliz de
encontrar alguém que divida o mergulho comigo algumas vezes.
Ela se
despediu e sumiu, não sei seu nome, onde mora, nem mesmo se é apenas uma prostituta
que se solidarizou, e isso pouco me importa, o dia vai ser cheio, e eu continuo
aqui, boiando em toda a merda, sozinho afinal.
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