sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Um grande balde de merda


          Nada preenche melhor um ambiente que o barulho estridente de um boteco, e foi assim que tudo começou, entre tragos e copos, eu era louco por pernas, e ela tinha um par de belos exemplares, além daqueles olhos de cachorro abandonado, que me perseguiam, nunca tive nada de atraente, não que isso seja ruim, na verdade é até bom, ajuda a manter as expectativas baixas, em seguida tudo que eu falar parecerá compensar a aparência, desde que não seja um amontoado de asneiras. Resolvi arriscar, cheguei perto e disse pra que saíssemos dali, ela relutou.
          - Escuta meu bem, esse não é um lugar ideal pra se passar a noite, é só um meio de ser convidada pra algo melhor, você sabe disso, e no final das contas se eu for tão ruim assim, você só terá perdido uma noite.
          Ela concordou e saímos, os olhares nos perseguiam, pasmos por um cara como eu ter tido sucesso em algo, andamos pela cidade, a pé, tudo que eu tinha afinal era uma garrafa de vinho, que agora se encontrava com os lábios dela, era uma linda cena, não era a boca mais sensual do mundo, mas ainda assim me prendia. Falamos sobre a vida e as pessoas, e a noite seguia rápida, o vinho acabou e nos sentamos na calçada pra olhar o céu, eu a envolvi em meus braços e pouco tempo depois nossas línguas dançavam juntas, por todo o resto da noite.
          Antes de partir ela perguntou meu nome.
          - Não importa meu bem, a vida tem sido um grande balde de merda, só fico feliz de encontrar alguém que divida o mergulho comigo algumas vezes.
         Ela se despediu e sumiu, não sei seu nome, onde mora, nem mesmo se é apenas uma prostituta que se solidarizou, e isso pouco me importa, o dia vai ser cheio, e eu continuo aqui, boiando em toda a merda, sozinho afinal. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário