Passei o dia encarando a sua foto, quando
a tarde chegou só conseguia pensar no motivo, vasculhei cada canto da minha
mente, não encontrei respostas, calcei aquele velho tênis que minha mãe tanto
odeia e sai pra ver o pôr do sol, observei os pardais barulhentos que cruzavam
o horizonte, indo pra longe, livres, senti inveja, minhas pernas pareciam pesar
o dobro do normal.
Senti o vento bater forte no rosto assim que cheguei ao terraço do
único prédio realmente alto daquela confusa cidade, olhei para baixo, e quis
mais ainda ser um pássaro, não uma daquelas pessoinhas que corriam pra lá e pra
cá gritando em seus celulares e com a cabeça tão vazia quanto a carteira de um
universitário.
O último raio de sol desapareceu, repentinamente aquele espetáculo
laranja que cobria minha visão se foi, caminhei para perto do parapeito, senti
o metal gelado arrepiar meus cabelos ao passar os dedos por ele, pensei em
você, em como um pássaro chegaria rápido até sua casa, não aguentei mais o
anseio, me lancei em voo livre, finalmente entendi, não há nada melhor que o
abraço apertado da liberdade antes do fim.
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