domingo, 17 de setembro de 2017

Quinta-feira não dormi.

        Nós saímos pra tomar umas cervejas aquela noite, era bom rever um velho amigo, depois de tanto tempo ainda conseguíamos fazer as piadas de sempre, ouvimos a banda de sempre, comemos a pizza de sempre, e o engraçado é que embora muita coisa tivesse mudado a situação ainda era a mesma de antigamente, um de nós fodido, e o outro tentando ajudar, nunca acabava bem pra nenhum dos lados, mas era bom falar com alguém que não fosse só oferecer soluções obvias e genéricas pra variar.  
          - Tínhamos só 15 a ultima vez que viemos aqui lembra? - Disse eu.
          - É, muita coisa aconteceu, mas quem fode minha cabeça não mudou.
          - Cara, você tem um problema sério com boceta.
      Aquele riso azedo de quem simplesmente desistiu de achar uma solução pro problema preencheu o ambiente, decidimos que era melhor manter o foco em lembrar da época da escola, afinal depois que toda a merda acaba, o que contamos a nós mesmos nas lembranças é sempre mais doce do que realmente foi, não era uma melhora definitiva, mas pra espantar os fantasmas daquela noite essa distração bastava.
           Na mesa ao lado um grupo de garotas tagarelava sem cessar, sobre quem tinha o pior namorado, era tanta reclamação que pareciam competir pelo titulo de detentora do relacionamento mais miserável do ano. Falavam sobre tudo, de ciúme a hábitos ruins de higiene, por deus, elas pareciam descrever um Neandertal, mas que surpresa, nenhuma delas reclamou do sexo, muito pelo contrario, quase em uníssono ressaltavam que isso era bom demais. Nós ouvíamos a conversa, com um misto de pena e chacota.
         Aparentemente a maioria das relações se baseava nisso, e as que não fossem desse tipo eram uma consequência delas.
            VIVA A PIROCA - Exclamei.
            VIVA A BOCETA - Disse ele.
            Brindamos.
            Saímos dali acompanhados do olhar de ódio das garotas, com passos tortos e embriagados.